terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Laranjal - Os Souza - Os Magalhães

Tenho minhas raízes ligadas a Laranjal. Minha mãe, Maria de Souza Magalhães, nasceu em 1910, no sítio Boa Vista, que nós chamávamos de Casa do Canto, distante poucos quilômetros da cidade. Durante a minha infância e juventude, as férias de meio e final de ano eram passadas lá em Laranjal. Os primos reuniam-se na casa da vó Souza e desfrutávamos da vida simples, despreocupada e maravilhosa da roça. Muitas brincadeiras, muitas crendices, muita terço e reza. Muito medo de cobra, cachorro-doido, boi na estrada. De manhã, bem cedinho, o café que a gente ajudava a torrar, o leite gordo tirado a pouco, broa e quitandas. Sempre com o aviso: “Quem tomar leite não pode chupar manga”. Depois, o imenso quintal com pomar: abacate; laranjas campista, lima, seleta, Bahia; carambola; goiabas branca e vermelha; lima; mangas rosa, espada, carlotinha; cana caiana; pêssego; mexerica; bananas nanica, ouro, maçã. Lá no final o moinho de fubá com a roda d`água. E os passarinhos? Saíra-de-sete cores, juritis, coleiros pardo e paulista, canarinhos da terra aos milhares, sanhaços, garças, o canto distante da siriema, o rouco dos macacos do capoeirão que ficava logo após a várzea. Cantigas ao cair da tarde, canto da narceja durante a noite, o relógio de parede marcando as horas com a batida do carrilhão. A partir de 1959 fui estudar em Juiz de Fora, os interresses mudaram de foco ou surgiram outros, desde então, visitar a vó, os tios, os primos em Laranjal passou a ser algo rápido, de passagem, mas realizado, sempre, com muito prazer e satisfação. Lá se vão 50anos. Hoje, quando transitamos por lá, sempre paramos o carro e desfrutamos dessas imagens do passado e a constatação que tudo desapareceu provoca estados de espírito meio indefinidos: de alegria por ter aquilo vivido e de pragmático realismo por saber que o tempo, senhor de tudo, é inexorável e tá com sua bocarra imensa à espreita.
Numa daquelas visitas, em 1988, o pároco de Laranjal, o Monsenhor Geraldo Mendes Monteiro me ofereceu o livro de sua autoria “História Geral do Laranjal”que é a minha principal fonte de informação.
Os Souza chegaram em Laranjal em data desconhecida. O primeiro deles foi Pedro Medeiros de Souza, que apossou-se de uma área de terra que ia, numa direção, do Serrote até a Pedra do Naya no início da cidade, distância equivalente a 10 km, na outra direção a posse chegaria às proximidades de Cisneiros, o que hoje seria uma propriedade de 10.000 hectares. Casado com Rita Medeiros de Souza. A tradição oral diz que Rita era índia puri. Do casamento nasceram os filhos:
Ana de Souza casada com José Firmino de Souza
Maria Teodora de Souza casada com Antônio Severo da Silva
Pedro Torquato de Souza casado com Ana de Souza Torquato
Maria Inácia de Souza casada com João Casemiro de Souza
João Pedro de Souza casado com Maria Júlia da Silva
Francisco José de Souza
Ana Inácia de Souza
Do casamento de Pedro Torquato com Ana de Souza, nasceu Felismino Torquato de Souza dono da fazenda Baraúna, fabricante de queijo, tal como noticia o blog história cisneiros, palma e tapiruçú de Joaquim Machado.
João Casemiro de Souza (1828-1915) e a esposa Inácia (1838- 1892) são os benfeitores da Matriz de Laranjal por doações que fizeram durante a segunda etapa de sua construção e à valiosa colaboração do Alferes João Casemiro, ainda vivo, quando da construção da torre em 1909.
Do casamento de João Pedro com Maria Júlia, nasceu Maria Rosa de Souza ( Vó Souza )

Os Magalhães chegaram por volta de 1875. Francisco José Magalhães veio de Portugal e se instalou na zona rural entre Laranjal e Cisneiros. Dos seus filhos um é João Magalhães ( Vô João) proprietário do sítio Boa Vista, a Casa do Canto. Na década de 20, meu avô com toda a família, mudou-se para Miracema. Com a crise de 30 retornaram para a Casa do Canto. Do casamento nasceram os filhos:
João Magalhães Filho casado com Hermínia Souza Magalhães, com os filhos:
Filomena, Carolina e Aparecida.
Sebastião de Souza Magalhães casado com tia Nica, com os filhos: Terezinha e Pompéia
Maria de Souza Magalhães casada com Benedito Padilha de Siqueira, com os filhos:
José Frederico, Aparecida, Maria Terezinha, Antônio Raymundo e Mariana.
Ana de Souza Magalhães casada com Arquibaldo Rodrigues, com os filhos:
Expedito, Joaquim Tarcísio, João Batista, Rachel, Verônica, José Raymundo, José Silvério, Maria Alda, Fernando e Filomena.
Aparecida Souza Magalhães, falecida aos 10 anos de idade.
Alda de Souza Magalhães, solteira
Olegário de Souza Magalhães casado com Luzia Siqueira Magalhães com os filhos:
Genuíno, João, Maria de Lourdes, Bernadete, Olegário, Antônio e Gésus.

O tema Laranjal será abordado muitas vezes neste bloguinho.

Um comentário:

angela nabuco disse...

Fred, revi Laranjal no seu texto: a fazenda Baraúna, o Conego Geraldo, Cisneiros... tudo isso fez parte da minha infância, adolescência e idade adulta nas férias da fazenda Duas Barras. Não voltei lá depois de vendê-la. Obrigada pelas lembranças.