Benedito Padilha de Siqueira, nasceu em 9 de julho de 1910 no sítio Boa Vista, de propriedade de seu avô paterno Teófilo Siqueira, na zona rural de Miracema, filho de Genuíno Antunes de Siqueira Sobrinho e Marianna Reveziana Padilha de Siqueira. Foi casado em primeiras núpcias com Maria de Souza Magalhães. Desse casamento nasceram 5 filhos: José Frederico, Aparecida, Maria Terezinha, Antônio Raymundo e Mariana. Em segundas núpcias casou-se co Maria Tostes Siqueira. Sem geração. Faleceu em 13 de janeiro de 2000 em Niterói. Está enterrado em Miracema. Usava sempre em qualquer atividade o slogan: “Miracema, eu gosto de você ( Bené Siqueira)”.
No inicio dos setenta o Brasil era, pretensamente, o país do desenvolvimento e da modernidade. Milhões de brasileiros deixavam o campo dirigindo-se para as cidades. Velhas tradições, tanto da Mata Mineira como do Noroeste Fluminense, como as Folias de Reis, me lembro ainda garoto da Folia do Seu Joaquim Neves lá de Laranjal, tendiam a ser esquecidas ou confinadas nas periferias das cidades. De modo geral o movimento folclorista tinha pouquíssima visibilidade. Em Miracema as folias de reis aproximavam-se da total extinção. Tinham imensas dificuldades para adquirir seus instrumentos e suas roupas. Por este tempo, papai iniciava as tratativas para sua aposentadoria o que veio ocorrer em 1977. Mudando-se, definitivamente, para Miracema as velhas emoções sentidas lá no antigo Panorama, onde seu tio Frontino chegava a reunir 20 folias, retornaram com toda força. Papai dizia que juntava seus tostões para oferecer ao palhaço. Como veremos abaixo papai escreveu, por volta de 1979, alguns textos sobre o folclore miracemense que ele chamou de:
“O Folclore Exaltação de Miracema
A Folia de Reis nos traz muitas saudades, nos faz lembrar as grandes noitadas e alegrias daquele som quando crianças a Folia de Reis batia nas nossas portas com o bumbo a rufar e os cânticos dos foliões, fazia nos levantar da cama e apanhar o tostãozinho que guardamos para o palhaço e atrás da porta a gente tremia de medo do palhaço.
No ano de 1889 a 1891, Dona Mariana que tem quase 96 anos ainda se lembrava, com 6 a 7anos, seu tio levava as crianças para assistir o baile dos antigos escravos que formavam a Folia de Reis. O baile era realizado no antigo engenho velho da fazenda Cachoeira, onde socava café, fazia fubá onde tinha tronco e roda de bacalhau. Ali começou os grupos a formar as mais variadas Folias de Reis. Em 1920 vamos encontrar na fazenda Panorama as grandes concentrações de Folias de Reis, o fazendeiro Frontino A. Siqueira admirava as folias. Dali fazia concentração de seis a oito grupos em frente ao seu comércio durante todo o período, isto é, de 25 de dezembro a 5 de janeiro, corria tudo por conta do dito fazendeiro.
Ali eles disputavam em versos, sua melhor posição, melhor vestimenta, melhor bateria e melhor palhaço que cantava, chulava e pulava desafiando uns aos outros. Os seus instrumentos eram: sanfona, viola, triângulo-chucalho, tambor, pandeiro de coro de gato, bumbo, cavaquinho. A bandeira era toda enfeitada com fitas, flores e os três magos. A folia era formada com 12 foliões, com mestre e contra mestre, as vezes trazia dois palhaços, isto pouco acontecia, era um só com seu porrete que era indispensável e ia até a altura do pescoço para que ele pudesse descansar. Certa ocasião uma folia estava cantando numa casa depois de fazer a profecia, chegou a vez do palhaço chulear e dizer versos, mas certo momento embasbacou com os versos e não teve saída, então começou a suar que manchou o chão da casa, ele ficou envergonhado e saiu correndo deixando a folia e nunca mais quis vestir de palhaço.
01 de Janeiro de 1979
Com a participação de vários grupos folclóricos, foi realizado o ‘ Primeiro Encontro de Folias de Reis” que reuniu um grande número de pessoas que assistiram a evolução e exibição de sete Folias de Reis. O encontro foi realizado na rua Santo Antônio, 122, onde o coordenador e promotor do evento, Benedito Siqueira recepcionou os grupos. Após confraternização e apresentação das jornadas foi oferecido pelo coordenador um lanche completo aos foliões.
Este encontro, veio sobremaneira, mostrar a população a contribuição de que o Folclore do Norte Fluminense, especialmente em nossa Miracema, ainda está vivo. Para agradecer o apoio da Funarte fiz as quadrinhas;
Espero que esses versos
Não constitue um desastre
Quero agradecer de público
O apoio da Funarte
Ela deu apoio financeiro
com muito interesse
Para o Folclore de Miracema
Para que ele revivesse
As folias de Miracema
Não tem roupa para vestir
Se não fosse a Funarte
Elas não poderiam sair
Assim eu agradeço
Com grande emoção
Para ficar guardado
No fundo do coração “
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